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Investimentos em Biotech no Brasil e o novo óculos da Apple
WIGO - What Is Going On na Saúde
Investimentos em startups de biotecnologia em todo o mundo apresentam um crescimento constante, com retornos no investimento (ROI) superiores aos de outras indústrias. No entanto, no Brasil, ainda estamos engatinhando nesse setor. Vamos entender um pouco mais sobre esse tema :)
Nesta edição:
🥽 A Revolução da Realidade Aumentada na Saúde: O Potencial Impulsionado pela Apple
💊 Inteligência Fake: Desmistificando os “Remedios da Inteligência” e o Efeito Placebo
🤏 Investimento no mercado de Bio no Brasil
A Revolução da Realidade Aumentada na Saúde: O Potencial Impulsionado pela Apple

A Apple recentemente lançou o Vision Pro, seu primeiro dispositivo de realidade aumentada (RA), com um preço de $3,499 nos EUA. Estimamos que, considerando a diferença de preços entre os produtos Apple nos EUA e no Brasil, o dispositivo chegue no Brasil a um valor aproximado de R$33.250 🙃. Vamos deixar o preço astronômico de lado e focar em como essa tecnologia está transformando o mercado da saúde.
A realidade aumentada (RA) já está sendo usada em diversas áreas da saúde, oferecendo benefícios tanto para profissionais quanto para pacientes. Vamos explorar algumas delas:
Educação: A RA permite que estudantes aprendam sobre a anatomia do corpo humano e explorem visualmente doenças, além de simular cirurgias específicas. Essa abordagem interativa e prática facilita o processo de aprendizado, permitindo que residentes aprimorem suas habilidades antes de realizar procedimentos reais.
Terapia de dor e ansiedade: Durante procedimentos dolorosos, a RA pode ser utilizada para distrair os pacientes ao exibir imagens relaxantes ou interativas. Essa técnica ajuda a reduzir a percepção da dor e a ansiedade associada, proporcionando uma experiência mais confortável.
Saúde mental: A RA está se mostrando uma ferramenta terapêutica poderosa para pacientes com problemas de saúde mental. A criação de ambientes virtuais oferece uma sensação de interação social, reduzindo o sentimento de isolamento e solidão. Essa abordagem inovadora tem o potencial de melhorar o bem-estar emocional dos pacientes.
Cirurgias assistidas por RA: Durante cirurgias, os cirurgiões podem utilizar a RA para visualizar projeções de estruturas profundas, como a localização de tumores cerebrais, e receber alertas em tempo real sobre áreas motoras e da fala. Essas informações precisas aumentam a precisão e a segurança dos procedimentos cirúrgicos.
Reabilitação motora: A RA oferece feedback em tempo real para pacientes em processo de reabilitação, como aqueles que sofreram um derrame (AVC). Os pacientes podem ser alertados sobre irregularidades no terreno, incentivando-os a progredir em seus exercícios e recuperar a mobilidade perdida.
Apoio à tomada de decisões: Durante o atendimento aos pacientes, médicos podem utilizar dispositivos de RA para visualizar informações relevantes, como exames de imagem e histórico médico. Essa tecnologia fornece um contexto valioso para a tomada de decisões clínicas mais informadas e precisas.
WIGO Takeaway: Essas aplicações da RA são apenas a ponta do iceberg. Assim como era difícil prever o impacto da internet em nossas vidas, é difícil imaginar nossa vida atual sem o constante do seu smartphone. A RA pode ter um impacto enorme de como lidamos com o diagnóstico, tratamento e recuperação de doenças. À medida que essa tecnologia avança, esperamos avanços ainda maiores no setor da saúde.
Inteligência Fake: Desmistificando as Pílulas da Inteligência e o Efeito Placebo

Talvez você já tenha ouvido falar sobre o uso de medicamentos para aumentar a inteligência ou melhorar a performance? Os medicamentos mais usados são para tratamento de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), como Methylphenidate (Ritalina®), Lisdexamfetamine (Venvanse®) e para narcolepsia Modafinila (Stavigile®). Um estudo recente da Universidade de Cambridge revelou que o uso dessas drogas para melhorar o desempenho mental em pessoas sem TDAH pode, na verdade, piorar seu desempenho em tarefas complexas de resolução de problemas.
Estudos anteriores já sugeriam que os benefícios percebidos ao tomar esses medicamentos poderiam ser pelo efeito placebo. Agora, os resultados desta pesquisa mostram que essas drogas não melhoram as habilidades cognitivas e podem levar as pessoas a confundirem aumento de motivação com melhora no desempenho.
A pesquisa utilizou um teste chamado "problema da mochila", que simula uma tarefa de resolução de problemas do mundo real. Os participantes que tomaram esses medicamentos passaram mais tempo na tarefa e tentaram mais opções, mas seu desempenho foi pior em comparação com aqueles que receberam placebo. É importante ressaltar que o uso desses medicamentos por pessoas sem a condição para a qual são prescritos tem aumentado em faculdades e locais de trabalho nos Estados Unidos.
Quando os participantes tomaram qualquer um desses medicamentos, eles se esforçaram mais na tarefa, tentando várias opções antes de enviar suas respostas e gastando mais tempo na tarefa. No entanto, seu desempenho foi pior, medido pelo valor total dos itens na mochila, em comparação com aqueles que tomaram o placebo.
Segundo o pesquisador Bossaerts, "as pessoas provavelmente acreditam que as drogas estão ajudando-as, mas na realidade, não estão. Elas gastam mais tempo na tarefa e movimentam os itens com mais frequência, o que as faz se sentirem mais ocupadas".
Rachel Fargason, da Universidade do Alabama em Birmingham, afirma “faz sentido que os estimulantes possam ser úteis para pessoas com TDAH, mas não para aquelas que não possuem a condição. Ela destaca que existe uma dose ótima de dopamina, e esse estudo demonstra claramente esse conceito”.
É fundamental compreender que esses medicamentos (como Ritalina, Venvanse e Stavigile) são prescritos para tratar o TDAH e narcolepsia em pessoas que realmente sofrem com o transtorno. O uso não autorizado pode acarretar consequências negativas no desempenho mental e na saúde. É importante buscar orientação médica adequada antes de tomar qualquer medicamento.
WIGO Takeaway: A performance mental é extremamente relativa e difícil de autoavaliar. Além disso, o efeito placebo e o viés de confirmação influenciam a percepção de melhorias na performance, tornando ainda mais desafiador avaliar objetivamente os resultados. A influência social também pode levar as pessoas a acreditar em melhorias com base nos relatos de outros. Por exemplo, se um estudante tem um amigo que relata resultados positivos ao utilizar certos medicamentos, isso pode influenciar sua opinião e aumentar a tendência de acreditar que essas substâncias também serão eficazes para ele.
Portanto, é essencial tomar decisões com base em evidências científicas sólidas e buscar orientação médica adequada antes de iniciar qualquer tratamento com medicamentos não prescritos. A segurança e o bem-estar mental devem ser prioridades, levando em consideração não apenas os benefícios potenciais, mas também avaliando os riscos envolvidos.
Investimento no mercado de Bio no Brasil

Você tem ideia do tamanho da disparidade nos investimentos em biotecnologia no Brasil em comparação com o restante do mundo? Segundo a consultoria McKinsey, os fundos de capital de risco investiram cerca de US$ 35 bilhões globalmente nesse setor entre 2019 e 2021. No entanto, no Brasil, as startups de biotecnologia receberam apenas pouco mais de US$ 32,5 milhões nos últimos cinco anos, o que representa menos de 0,1% do total global.
O mercado de biotecnologia no Brasil está em estágios iniciais em termos de investimentos provenientes de capital de risco. A maior parte do financiamento para projetos nesse setor vem de iniciativas públicas e raras iniciativas privadas. Gabriel Montovani, CEO e fundador da Vesper Venture, uma venture builder catarinense focada em biotecnologia, observa que o modelo atual de investimento em startups não atende adequadamente às necessidades da indústria de biotecnologia, uma vez que foi originalmente desenvolvido para empresas de software, que possuem tempos de escala e formatos diferentes, além de um período mais longo para o retorno do investimento.
Gabriel ressalta que o Brasil oferece um grande potencial de oportunidades na área de biotecnologia, pois possui excelentes pesquisadores com diversas pesquisas nacionais voltadas para essa área. No entanto, existe uma grande lacuna entre a academia e a indústria nacional e internacional. Ele acredita que as startups são os mecanismos mais eficientes para levar a inovação da universidade para a sociedade.
A indústria de startups de biotecnologia apresenta um retorno sobre investimento (ROI) mais alto em comparação com investimentos em outras áreas. De acordo com um estudo da Cambridge Associates, a taxa interna de retorno média para startups de biotecnologia nos últimos 20 anos foi de 20,1%, em comparação com 13,7% para todas as empresas apoiadas por capital de risco. Isso ocorre porque as startups de biotecnologia têm o potencial de desenvolver novos medicamentos e terapias que podem revolucionar a forma como tratamos doenças. Por exemplo, em 2020, a vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela Pfizer e BioNTech foi criada por uma startup de biotecnologia.
A importância de promover a indústria de biotecnologia vai além do óbvio, pois ela tem um efeito em cascata na economia como um todo. Além de proporcionar acesso a terapias inovadoras para os brasileiros, segundo a IQVIA, cada 1 dólar investido na indústria de biotecnologia na América Latina gera um retorno de 1,75 dólares para atender às demandas das indústrias e cria 1,65 dólares em empregos adicionais.
WIGO Takeaway: Vários fatores influenciam diretamente a atração de investimentos na indústria de biotecnologia na região. Isso inclui o estímulo à pesquisa nas instituições acadêmicas, a conexão entre academia e aceleradoras para facilitar a transferência de pesquisas para a indústria, a disponibilidade e estrutura dos investimentos de capital de risco na região e a presença de empresas farmacêuticas focadas em pesquisa e desenvolvimento de novas terapias. Essas empresas desempenham um papel crucial nos incentivos que impulsionam a indústria. Porém, elas são incentivadas pelo governo a produzir medicamentos genéricos e biossimilares, o que traz benefícios em termos de acesso a medicamentos acessíveis, mas desvantagens em termos de estímulo à inovação.
Para mudar essa situação, além de criar novas estruturas de incentivo governamentais, é necessário que mais empresas e pessoas assumam riscos e se dediquem a construir um futuro mais promissor. Exemplos disso são Gabriel e Rafael Montovani da Vesper Venture.
Fonte:
https://www.iqvia.com/insights/the-iqvia-institute/reports/valuing-the-research-based-pharmaceutical-industry-in-latin-america
https://www.cambridgeassociates.com/wp-content/uploads/2018/10/WEB-2018-Q2-USVC-Benchmark-Book.pdf
https://www.infomoney.com.br/negocios/biotecnologia-atrai-fundos-de-investimento-mas-investimentos-no-brasil-ainda-sao-limitados/
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